16 de mai. de 2011

Novos desafios para preservar

Como a sociedade pode conhecer, interagir e questionar a conservação ambiental no país?

Juliana Marques

Há quase 20 anos, cientistas e representantes políticos de todo o mundo se reuniam no Rio de Janeiro para listar os principais desafios ambientais do planeta na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92. Em junho de 2012, especialistas em clima, saúde, política e desenvolvimento vêm à capital fluminense para reavaliar resultados e sugerir novas metas, propondo resultados efetivos na RIO+20 - a Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável.

Diante de temas abrangentes e globais, profissionais como professores e jornalistas encontram dificuldades em traduzir conceitos de consciência ambiental e saúde à população. Como transmitir as ideias da educação ambiental ao público leigo? E como expor aos cidadãos discussões sociais, econômicas e políticas? Imersa nestas questões, a bióloga Carmen Machado, do Museu do Meio Ambiente no Instituto Jardim Botânico busca soluções a curto e a longo prazo para modificar o pensamento dos brasileiros em prol da preservação ambiental.

No Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, pesquisadores dividem o espaço com o público, que podem conhecer um pouco mais sobre as principais espécies nativas da flora brasileira (Foto: Juliana Marques)

Atualmente responsável pela área de divulgação científica do Museu, Machado acredita que as instituições de pesquisa científica são as principais responsáveis pela difusão do conhecimento e da consciência crítica da sociedade. Ela aposta, por exemplo, em atividades mais dinâmicas e inovadoras em museus e centros de ciências, tal como afirmou ao Boletim 128, o pesquisador mexicano Ricardo Rubiales Jurado.

 “Geralmente as questões socioambientais são tratadas como temas complexos, pois exigem a compreensão de valores políticos, culturais e econômicos. Por isso, a proteção da biodiversidade é tão importante e vai além da ecologia. A biodiversidade é nossa  principal riqueza, uma organização interligada e harmônica”, afirmou Machado. “Geralmente associados ao rápido crescimento econômico e à melhoria da qualidade de vida, o desmatamento e a poluição agora não são vistos com bons olhos pelos países já desenvolvidos. Qual é o preço desse desenvolvimento e quais serão suas consequências? Precisamos mostrar estas respostas aos cidadãos”, concluiu.

E o que fazer para mudar?

Em breve, o Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, irá reinaugurar o Museu do Meio Ambiente com novos programas educativos e projetos para integrar professores, alunos e pesquisadores. “Por intermédio de trilhas ecológicas, que relacionam história com biologia e ciência, os visitantes veem o conhecimento sob uma nova perspectiva. É uma das propostas em um ambiente tão rico, um local onde o público pode ver de perto pesquisas científicas”, explicou a bióloga.

Um dos desafios para a preservação é o aprendizado dos valores de biodiversidade. No Jardim Botânico, os visitantes podem ver de perto estas valiosas interações na natureza (Foto: Juliana Marques)


Os desafios, no entanto, vão além da capacidade dos cientistas de traduzirem seus estudos ao público leigo. Como por exemplo, levar conhecimento a cidadãos que não tem acesso a centros de ciência? E aí que professores e educadores entram em cena, também promovendo atividades que têm como objetivo ultrapassar as fronteiras do ensino básico. Portanto, se você é educador e quer participar de debates sobre a preservação ambiental e cuidados com a saúde, não perca tempo: conheça os principais problemas da sua região, converse com especialistas e mobilize outros cidadãos em busca de soluções mais sustentáveis. Participe de debates, divulgue seus projetos e fique atento, pois em breve estarão abertas as inscrições para a 6ª Olimpíada Brasileira de Meio Ambiente.