26 de jan. de 2011

Riscos e cuidados após as enchentes

O que é preciso saber para evitar doenças causadas pelo contato com a água contaminada

Juliana Marques

Quem aos poucos tenta retomar a rotina nas cidades atingidas por enchentes e deslizamentos precisa ter cuidado redobrado com a saúde. Estados como Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco já contabilizam perdas irreparáveis que abrangem elevados números de mortos, desaparecidos e desabrigados. É em meio ao caos causado pelas chuvas que surgem graves doenças transmitidas pelo contato com a água contaminada, como leptospirose, hepatite A, verminoses e diarréia.

Apenas a Região Serrana do Rio e o estado de Santa Catarina já somam cerca de 50 mil pessoas. Em abrigos, as medidas de higiene para evitar doenças como leptospirose e hepatite A devem ser redobradas.
(Foto: Agência Fiocruz)

Pesquisadores alertam que durante os alagamentos, toda a atenção com a higiene e conservação dos alimentos são necessários para evitar as enfermidades. Na Região Serrana do Rio, onde 16 cidades foram gravemente afetadas, a água dos rios, o ar e a lama estão poluídos. São bactérias, fungos e vírus que circulam entre os sobreviventes em até 120 vezes a mais que o número tolerado. Com isso, surgem também casos de conjuntivite, sinusite e rinite.

A leptospirose, uma das principais doenças causadas pelo contato ou ingestão de água e alimentos contaminados, é também uma das mais comuns em áreas urbanas e rurais. Em entrevista à Agência de Notícias Fiocruz, a pesquisadora Ilana Teruszkin Balassiano, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), afirma que cortes e ferimentos são as principais portas de entrada para as bactérias do gênero Leptospira. “Em situações graves, como a da Região Serrana do Rio, o contágio pode ocorre mesmo sem a presença de um ferimento. Por isso, é importante tomar todas as medidas de higiene possíveis, e ingerir água mineral ou devidamente tratada, além de descartar alimentos que também tiveram contato com a enchente”, orienta.

Na filial da Cruz Vermelha, no centro do Rio de Janeiro, chegam diariamente toneladas de água potável, alimentos não perecíveis e produtos de higiene. Agora, itens de maior necessidade são meios de transporte para levar os donativos até a Região Serrana. (Foto: Vinícius Albuquerque)
A pesquisadora destaca que os sintomas iniciais da leptospirose são similares ao resfriado: febre alta, dor de cabeça e no corpo. Porém, em casos mais graves, rins e pulmões são comprometidos, fazendo com a doença leve à morte: “Se a pessoa teve contato com a água das enchentes ou com o barro de desmoronamentos e apresentar estes sintomas, deve procurar atendimento médico e relatar a situação para que receba o tratamento adequado”, explica Ilana.

Para minimizar o risco de outras graves doenças, o Ministério da Saúde divulgou algumas dicas e medidas que devem ser aplicadas antes, durante e depois dos desastres naturais:

  • Sempre filtre e ferva a água por três minutos antes de beber. Caso não possa fervê-la, trate-a com hipoclorito de sódio (2,5%) – 2 gotas por litro de água – deixe descansar por 15 min. Isso elimina vírus, bactérias ou parasitas que podem causar doenças.
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  • Alimentos e embalagens já abertas que tiveram contato direto com água da enchente não devem ser consumidos. Alimentos industrializados e embalados em vidro, lata, a vácuo e em caixa tipo “longa vida”, que se encontram fechados e sem sinais de alteração, devem ter suas embalagens higienizadas com 2 colheres (sopa) de hipoclorito de sódio (2,5%) em 1 litro de água.

Para saber mais sobre os cuidados necessários em caso de enchentes acesse as cartilhas do Ministério da Saúde:
Informações gerais: saiba como agir em caso de enchentes
Prevenção de doenças infecciosas respiratórias

Saiba como fazer doações para as vítimas das cheias, no site da Cruz Vermelha:
http://cruzvermelha.org.br/ajuda-rio/