26 de jan. de 2011

Clima e saúde em convergência

Portal reúne em mapa interativo informações coletadas por pesquisadores e pela sociedade civil
   
Juliana Marques

Como relacionar a incidência de dengue com a ocorrência de desmatamento em uma determinada região? E como prever o surgimento de doenças após fortes chuvas ou queimadas? As respostas poderão, em breve, ser consultadas no novo portal Observatório de Clima e Saúde, lançado a partir da parceria de pesquisadores da Fiocruz  com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para reunir informações meteorológicas, ambientais e epidemiológicas de todo o Brasil.

Inspirado em outros portais de monitoramento como o “Chega de Queimadas” – que monitora a ocorrência de queimadas em território brasileiro, o Observatório é uma iniciativa criada para difundir as informações sobre clima e saúde entre pesquisadores e a população de maneira mais rápida e dinâmica, com atualização em tempo real. Um dos principais destaques do projeto é sua característica colaborativa, pois o conteúdo é inserido de forma gratuita por organizações não-governamentais, instituições e qualquer cidadão interessado em divulgar dados sobre uma determinada região.

No portal do Observatório é possível checar dados de saúde e meio ambiente de acordo com a região, ano, mês e dia. Na imagem, é possível observar todos os dados computados de focos de queimadas em 2010
Por intermédio do site, é possível inserir em um mapa interativo, comentários, imagens e textos sobre ocorrências de doenças, queimadas, desmatamentos, enchentes e deslizamentos, por exemplo. De acordo com o engenheiro e especialista em geociências da Fiocruz, Christovam Barcellos, a reunião de informações colaborativas é essencial para o sucesso do projeto. “Após a inserção dos dados será possível realizar um cruzamento de resultados. Com essa análise de informações múltiplas, queremos obter respostas e promover um debate entre os usuários”, explica Barcellos, que é coordenador do Observatório, no Instituto de Comunicação e Informação Científica Tecnológica (ICICT), na Fiocruz.

O mapa da imagem exibe, de acordo com a legenda o percentual de tratamento da água em estados brasileiros: Quanto mais clara é a cor, maior é o índice de municípios que possuem água tratada
Por isso, Barcellos conta com uma equipe formada por especialistas em áreas como saúde pública, infectologia, meteorologia e geografia, selecionada para monitorar o conteúdo do site e checar as informações. O engenheiro espera que o Observatório possa servir como uma grande base de pesquisa com dados disponíveis para toda a população: “À medida que as informações são adicionadas, será possível obter resultados como a melhoria do sistema de saúde e a prevenção de doenças, por exemplo”. Além dos dados do mapa, os usuários podem ainda consultar textos e taxas de incidências de doenças como pneumonia e leptospirose.

Há ainda a seção “Sítios Sentinelas”, onde é possível monitorar o trabalho de cientistas em localidades afetadas regularmente por eventos extremos, como por exemplo, o Rio Grande do Sul - que é atingido por secas e fortes chuvas; e a Amazônia, que todos os anos registra inúmeras enfermidades e queimadas.

Barcellos coordena ainda o Atlas Água Brasil, portal que reúne dados, documentos e indicadores sobre a qualidade da água em todo o país. No Atlas também é possível consultar dados relacionados à qualidade das águas brasileiras por intermédio de mapas virtuais. Uma das seções mais consultadas é o Glossário, com informações escritas de formas simples e acessíveis sobre doenças transmitidas pelo contato com águas contaminadas, especialmente após enchentes.