15 de dez. de 2010

Fragilidades transformadas em potencialidades

Especialistas de diferentes áreas se reúnem para elaborar planos eficientes de proteção à saúde de populações


Juliana Marques

Durante o I Simpósio Brasileiro de Saúde Ambiental, pesquisadores de todo o Brasil tiveram a chance de se reunirem em oficinas que abordaram os mais diferentes temas relacionados à saúde e ao meio ambiente. Organizada pelos pesquisadores José Paulo Vicente da Silva, da Fiocruz e Guilherme Franco Netto, do Ministério da Saúde, a oficina “Clima, saúde e cidadania” trouxe à tona os desafios da produção de conhecimento e a importância da formulação de políticas públicas integradas de saúde ambiental.

Com o objetivo de trocar experiências e conhecimentos, a oficina reuniu pesquisadores de áreas como saúde, geografia, educação, medicina e comunicação para elaborarem planos simples e eficientes de apoio à saúde da população, que está diretamente relacionada com qualidade do meio ambiente em que vivem. De acordo com José Paulo da Silva, as populações mais vulneráveis serão as mais atingidas pelo aumento das temperaturas: “O aumento dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera coloca em risco a saúde e a qualidade de vida. Afinal, temperaturas muito baixas ou muito altas levam a eventos climáticos extremos, propagam vetores (seres vivos transmissores de doenças), poluição do ar, qualidade das águas e afetam a produção de alimentos em escala mundial”, contou.

A vulnerabilidade de populações diante das mudanças climáticas é um dos principais fatores que afetam a saúde e a qualidade de vida, segundo pesquisadores que participaram da oficina. (Foto: Juliana Marques)

Durante a oficina, os participantes defenderam a manutenção de diálogos e interações de grupos estratégicos para garantir à sociedade informações de qualidade. “Ações coordenadas entre defesa civil, meteorologistas e geólogos evitam, por exemplo, a morte de inúmeras pessoas que vivem em encostas - áreas de alto risco por conta das fortes chuvas”, explicou a geógrafa e pesquisadora Tânia Maria Sausen, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no Rio Grande do Sul.

Especialistas de diversas áreas participaram da elaboração de novas diretrizes, integradas para fortalecer a vigilância em saúde. (Foto: Juliana Marques)

Para abordar os principais problemas de saúde  causados pelo conjunto de mudanças climáticas e disseminação de doenças, André Spitz,  presidente do Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome pela Vida (Coep) divulgou o vídeo “Mudanças climáticas, pobreza e desigualdades”, criado pelo Coep TeVê, um canal do comitê que conta com  diversas produções audiovisuais sobre poluição, comércio justo, agricultura e atitudes sustentáveis. “Devemos nos perguntar o que estamos fazendo pela nossa sociedade. É claro que faltam normas criteriosas e urgentes para edificações e medidas reguladoras para o uso do solo, por exemplo. No entanto, é preciso trabalhar para encontrar novas estratégias e efetivar parcerias”, afirmou Spitz.