15 de dez. de 2010

Olho vivo no desenvolvimento

Pesquisadores fazem alerta para crescimento acelerado de cidades brasileiras

Juliana Marques   

Conhecida como “metrópole da Amazônia”, Belém é uma das cidades que mais cresce no norte do país. Com quase 1 milhão e meio de habitantes, a capital paraense é a mais populosa do estado, e a cada ano são erguidos novos prédios residenciais, indústrias, rodovias e lojas. Com a urbanização acelerada, muitos habitantes e especialistas já se preocupam com os impactos ambientais, causados especialmente pela falta de planejamento na construção civil, no saneamento básico e principalmente pelo desmatamento e poluição. 


As metrópoles na floresta: parques e praças arborizados dividem o espaço com altos edifícios em Belém, Pará. No entanto, a cidade já apresenta problemas causados pelo crescimento acelerado, como poluição e carência de saneamento básico e aumento do índice de violência. (Foto: Juliana Marques)

Não foi à toa que a Elisabeth de Oliveira Santos, diretora e pesquisadora do Instituto Evandro Chagas (IEC), alertou para os problemas gerados pela elevada ocupação humana na região Amazônica durante o I Simpósio Brasileiro de Saúde Ambiental, na semana passada, em Belém, Pará. Segundo ela, a definição de saúde está diretamente é intrínseca a relação entre o homem com o meio ambiente. “Percebemos que a qualidade de vida da população amazônica começou a diminuir desde 1964, quando o governo iniciou o programa de integração nacional. Vivenciamos um modelo de desenvolvimento mal elaborado, em que florestas são ocupadas por madeireiros, hidroelétricas e exploração mineral. No Pará, por exemplo, pesticidas, resíduos urbanos e industriais são os maiores poluidores de rios, causando graves mortandades de peixes e doenças na população”, explicou.

Para a pesquisadora, a frase que deve ser incluída em nosso cotidiano é: “O que preciso fazer para me adaptar?” O segredo para a manutenção da nossa saúde está, muitas vezes, em pequenas atitudes que tomamos no dia-a-dia, tais como escolha dos alimentos, descarte do lixo e medidas de higiene. “Sabemos que é difícil mudar hábitos, mas é preciso. Afinal, todos os setores: lazer, trabalho e educação acabam convergindo para saúde”, disse durante sua palestra.


“A palavra sustentável não existe ainda nas cidades amazônicas. É preciso fortalecer a saúde e a educação para que ela se torne uma realidade” - Elisabeth Santos, diretora do Instituto Evandro Chagas, Pará. (Foto: Juliana Marques)

Além disso, Elisabeth defendeu novas dinâmicas para a erradicação de doenças, e até mesmo ajustes no Sistema Único de Saúde (SUS), na região norte do país.  “Ao invés de desaparecerem, as doenças estão ficando mais graves, tais como a Hanseníase, Doença de Chagas e Leishmaniose, que além do homem ataca animais domésticos e silvestres. Ainda são poucos os esforços para promover a saúde na Amazônia. Precisamos de muito trabalho na educação e prevenção”, explicou Santos, que ano passado foi contemplada com a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz por sua contribuição à saúde pública brasileira .