Artista cria esculturas submarinas para preservar a vida de recifes de corais nos oceanos
Juliana Marques
Seja ao vivo, em fotografias, ou em filmes, os recifes de corais imperam belezas naturais dos oceanos em todo o mundo. Além da imponência, os recifes são sociedades delicadas e essenciais para a vida nos mares. Entretanto, o aumento da temperatura das águas, as mudanças nas correntes marítimas, tempestades e atividades humanas, como pesca e turismo, causam graves danos a estas verdadeiras florestas aquáticas. Foi pensando nesta ameaça que o artista inglês Jason deCaires Taylor decidiu criar um museu submarino, feito com esculturas de concreto que servem como apoio para o crescimento de recifes de corais.
Quando coloca as esculturas no mar, Taylor estimula surgimento de recifes artificiais, e diminui o impacto ambiental ao afastar turistas de regiões sensíveis, onde os corais estão ameaçados. Por meio dos objetos, feitos com cimento composto de sais marinhos, areia e cerâmica, Taylor entrelaça conceitos de arte moderna com a preservação dos oceanos. As figuras humanas são confeccionadas com diferentes expressões faciais e gestos, e simulam interações com o ambiente.
De acordo com o artista, as áreas do museu subaquático são cuidadosamente estudadas para que os novos objetos não causem nenhum dano à vida marinha natural das regiões. Além disso, Taylor escolhe para sua galeria águas claras e rasas, justamente para facilitar o acesso ao público, e busca parcerias para facilitar o surgimento dos seres vivos nas galerias. “Trabalho com biólogos marinhos que ajudam a identificar as espécies de algas e esponjas mais propensas a se desenvolverem nas esculturas. Posteriormente, elas passam a atrair animais como lagostas e peixes”, conta.
Após instalar as esculturas no fundo do mar, Taylor prepara as esculturas para receber variadas espécies de corais.
Na imagem a instalação “A jardineira da esperança”. (Crédito: Jason Taylor/Divulgação)
Mergulho em um museu submarino
Este ano, Taylor está preparando cerca de 400 esculturas para o Museu Subaquático de Arte (MUSA), em Cancún, no México. Segundo o artista, o Parque Marinho Nacional de Cancún recebe mais de 750 mil turistas por ano, que acabam, sem querer, causando danos aos sensíveis recifes da região. “O museu é chance para desviar a atenção dos turistas, que deixam de mergulhar nos recifes naturais, permitindo que eles se regenerem e desenvolvam. As esculturas são colocadas em um local que foi muito castigado com furacões, e agora, aos poucos, os corais vão sendo atraídos pelo concreto, tal como acontece em embarcações naufragadas”, explica.
Em dezembro deste ano, Taylor inaugura no MUSA a exposição Evolução Silenciosa, que oferecerá aos visitantes a oportunidade de mesclar arte com conhecimentos sobre a preservação ambiental. Com o objetivo de estimular o turismo sustentável, o museu oferecerá ainda cursos e palestras sobre a importância dos recifes para o equilíbrio dos ecossistemas nos oceanos.
Para criar as esculturas, Taylor fotografa pessoas nas ruas, e imagina como
seriam suas vidas em um mundo submarino. (Crédito: Jason Taylor/Divulgação)
Taylor, que é filho de um inglês com uma Guianesa, passou a infância nadando sob os recifes da Malásia, país que despertou seu interesse pela preservação da vida marinha. Antes de ser escultor, ele viveu ao redor do mundo atuando como instrutor de mergulho e fotógrafo. Em 2006, Taylor inaugurou sua primeira exposição submarina na ilha Granada, no Caribe
Acesse o site do artista, e acompanhe o crescimento dos corais nas esculturas:
www.underwatersculpture.com/
Acesse o site do artista, e acompanhe o crescimento dos corais nas esculturas:
www.underwatersculpture.com/