Conferência mundial e acordos bilionários para salvar os ecossistemas do mundo
Juliana Marques
Enquanto professores e estudantes chegam ao Rio de Janeiro para as atividades da premiação da etapa nacional da 5ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente, pesquisadores, representantes de governos e especialistas em ciências biológicas de todo o mundo se reúnem na cidade de Nagóia, no Japão para a 10ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Biodiversidade (COP – 10).
Ao contrário da COP –15, a frustrada conferência climática que aconteceu ano passado na cidade dinamarquesa Copenhague, a COP-10 irá discutir sobre a preservação dos ecossistemas - um assunto tão importante quanto o aquecimento global e também indispensável para a preservação da vida no planeta. A cúpula, que teve início nesta segunda-feira, conta com a participação de 193 países e integra a série de eventos programados pela ONU para 2010, escolhido como o ano internacional da biodiversidade.
Entre os assuntos abordados destacam-se a biopirataria, a preservação das espécies e florestas, sustentabilidade e biodiversidade e desenvolvimento. Um dos debates mais esperados será sobre a adoção de recursos para o financiamento de um novo plano de metas. Este é um tópico que surge com frequência nas reuniões das Nações Unidas, mas poucos países se colocam à disposição para doar quantias realmente significativas de mudanças no cenário ambiental do planeta.
Segundo um relatório da ONU, desde 1970 as espécies de animais vertebrados sofreram uma redução de 30% e mais de 70% dos recifes de corais do planeta estão seriamente danificados e correm o risco de desaparecer, afetando não apenas a vida marinha do planeta, mas milhões de pessoas. Pesquisadores da organização afirmam que a ausência de legislações e atitudes internacionais sobre a proteção de ecossistemas se reflete nas constantes extinções de seres vivos.
Segundo especialistas, são necessários esforços de países desenvolvidos e em desenvolvimento, para conter a escalada do desaparecimento das espécies. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente Bráulio Dias enfatizou que é preciso arrecadar mundialmente cerca de US$50 bilhões por ano para proteção ambiental. "Precisamos de recursos cem vezes maiores do que os atuais para cumprir o objetivo que os países europeus vêm defendendo - de interromper a perda de biodiversidade até 2020", afirmou.
País com a maior biodiversidade do mundo, o Brasil ocupa um posição estratégica na discussão das novas metas de proteção ambiental. Além disso, deve encarar com responsabilidade seu desenvolvimento para não prejudicar alguns biomas constantemente ameaçados como os da floresta amazônica, do cerrado e do pantanal. Por isso, pesquisadores defendem cada vez ideias mais relacionadas à sustentabilidade. Na COP-10, que segue até o dia 29 de outubro, os representantes brasileiros já definiram uma linha de conduta: é impossível colocar em prática ideias ambiciosas se não há meios viáveis para executá-las.